Ou por outra: esboça-se-lhe nos lábios finos um sorriso. Sorri à lembrança do que lhe acontecera na noite anterior, copos e copos, o feltro da bebida aquecida na concha das mãos, aturdido e crispado. O bar, sujo de tristeza. E a penumbra envolvente, com o atrito do álcool no cérebro, torda o reduzido quadrilátero, onde as pessoas povoam as sombras com vozes, num excelente potencial de espaço para se beber até as palavras ficarem suficientemente trôpegas, até os gestos adquirirem uma descoordenação mole, sonolenta, todavia liberta. [...]
"Elegia Para Um Caixão Vazio", Baptista-Bastos
(Baptista-Bastos nasceu no dia 27 de Fevereiro de 1933. Morreu em 2017.)
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