Lições de História: Ezequiel
Ezequiel era um bem sucedido sacerdote e profeta na Babilónia, algures
pelo século VI antes do Menino Jesus nascer. Apresentava o telejornal e escreveu um
dos 73 ou 66 livros da Bíblia, consoante a cisma, constando o livro de
quarenta e oito capítulos, o primeiro dos quais começava
prometedoramente assim: "E aconteceu aos trinta anos, no quarto mês, a
cinco dias do mesmo, que, estando eu no meio dos cativos, junto ao rio
Cobar, se abriram os céus, e tive visões de Deus."
O livro vendeu razoavelmente. Arquivistas, bibliotecários e
documentalistas catalogaram-no com o assertivo nome de Livro de
Ezequiel, para que não houvesse enganos futuros. Respeitado tanto pelo
cristianismo como pelo judaísmo, e talvez até pelo islamismo, Ezequiel
era porém um infeliz feliz, sentia que lhe faltava algo. Por não ser
época de Ferrero Rocher, resolveu então mudar de vida: deixou o negócio
das visões, inscreveu-se numa escolinha de futebol e fez-se jogador.
Vi-o algumas vezes em campo, pelado, mas sobretudo com a camisola do
Lusitânia de Lourosa, corria para o fim o século XX depois de Cristo.
A mulher que não acreditava na religião verdadeira
Bateram à porta e Dona Amélia abriu. Pensava que era o carteiro. Eram
duas senhoras muito simpáticas com uma revista nas mãos. A revista
chamava-se A Sentinela e as duas senhoras muito simpáticas queriam
falar, mas Dona Amélia não as queria ouvir. Que não tinha vagar para
revistas nem para jornais, que fizessem o favor de ir andando, que ela
tinha mais que fazer. As pessoas com 84 anos e sós são mesmo assim,
estão sempre muito ocupadas. As duas senhoras muito simpáticas, e
pacientes, insistiam de pé enfiado na porta e revista em riste, falavam do fim do
mundo, da Bíblia, de profecias, do Reino de Deus, de Jesus Cristo, de
religião, e aqui, alto e pára o baile, Dona Amélia arrebitou as orelhas e
perguntou: - Ai vocês são da religião?...
- Somos Testemunhas de Jeová - responderam as duas senhoras muito simpáticas e pacientes.
- Olha, ainda por cima jeovás! Rua, andor daqui para fora! - mandou Dona
Amélia, sacando do toco de vassoura, mais rápida que a própria sombra. -
Eu não acredito nessas lérias. Eu não acredito na religião católica,
que é a verdadeira, e ia agora... Xô, xô, xô, já disse!
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