De beijos um cestinho Amor enchia,
E, depostos os duros passadores,
Quais semeiam o trigo os lavradores
Num campo os semeou todos um dia.
Daí a pouco com prazer se via
A seara ferver toda em Amores,
Que aos centos rebentavam entre as flores,
De que o travesso deus folgava e ria.
Eu, que bem por acaso ali me achava,
Um deles colho, e sobre o peito o prendo,
Sem recear o mal que me aguardava:
Pois as tenras raízes estendendo,
Pouco a pouco no coração mas crava
Donde novos amores vão nascendo.
Correia Garção
(Correia Garção nasceu no dia 13 de Junho de 1724. Morreu em 1772.)
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