quarta-feira, 13 de junho de 2018

Aloysio de Castro 2

Hora esquisita

Ressoavam no ar baladas dolorosas
Quando, ó mistério, de improviso entraste:
Vencemos dos destinos o contraste,
Num só rosal nasceram duas rosas!


Abri-te as mãos como asas amorosas,
Pálido lírio em flor na tênue haste,
Dos orvalhos noturnos estilaste
As pérolas das lágrimas piedosas.


Hora esquisita, prêmio e desventura!
Ias partir de novo, sendo minha,
E em ti levando na alma quanto eu tinha.


Sorri, choraste, e amor que inda nos dura,
Um beijo só, chegada e despedida,
Fez de um minuto toda a nossa vida!


"Rimário", Aloysio de Castro

(Aloysio de Castro nasceu no dia 14 de Junho de 1881. Morreu em 1959.)

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