domingo, 6 de maio de 2018

Luiz Pacheco 6

Saio para a rua e vou à cata dos dois pequenos libertinos ricos. Passeio pelas ruas de Braga, sigo ora uma miúda ora outra, deito olhares de megatoneladas, fumo. O cinema ainda não acabou. Vigio de longe o jogo amoroso duma mocinha a palrar na rua com um marçanito, muito gesticulosa, muito espalha-brasas, e com o corpo todo pendurado para cima dele que com a mão esquerda na algibeira vai entretendo o caralho com as promessas que a vista lhe está a demonstrar.
Até aqui, tudo muito bragal. Mas está-me a apetecer agora abjecção; saí da porta do cinema chateado com a demora dos rapazinhos, até porque não sabia se teriam ido ao Teatro Circo se ao Geraldo, onde também havia sessão. E aconteceu então o inesperado: tudo aliás muito naturalmente encadeado.

"O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor", Luiz Pacheco

(Luiz Pacheco nasceu no dia 7 de Maio de 1925. Morreu em 2008.)

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