Mironga, vaqueiro meio maduro, era respeitado por sua justa fama e pelo conceito de que gozava junto ao patrão.
- Como ia dizendo, encostei a porteira ao batente e entrei sutil.
O pátio estava soturno. Nem viva alma. Isso no tempo das guerras bravas da era de quarenta e dois. Patrão velho andava amoitado. Amoitado é um modo de dizer, porque ele dormia, lá vez em quando, num rancho de palmito no meio do mato, mas zanzava de uma banda para outra o dia inteiro, sem perder de vista a casa do retiro onde estava a família. Eu não lhe deixava a costela: vivia rente com ele para o que desse e viesse, porque, Deus louvado, nunca me desprezou, e nós da família servimos até à morte a gente do patrão, isso desde meus velhos.
Quando entraram lá na cidade as forças do defunto coronel Joaquim Pimentel para agarrarem os rebeldes, patrão velho teve aviso. Ele era homem de opinião e não fugia assim com dois arrancos. E demais disso, a patroa estava chegadinha a ter menino, esse pedação de moço que vocês veem aqui hoje - Sô Neco.
"Pelo Sertão", Afonso Arinos
(Afonso Arinos nasceu no dia 1 de Maio de 1868. Morreu em 1916.)
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