A cocada e a monada
A cocada e a monada, há quem as confunda. Porém existes-lhes um
diferença substancial. A cocada é uma pancada dada com a cabeça, uma
cabeçada, e faz cócegas no nariz. A monada é uma porção de monos,
macaquices, trejeitos, e, passando por cima do dicionário, evidentemente
uma pancada dada com a mona, uma cabeçada, mas não faz cócegas no
nariz. A tolada é outro assunto... Não sou eu. Sou o meu irmão gémeo...
- Então hoje resolveu aparecer?...
- Não.
- Não?...
- Não.
- Mas você...
- Não sou eu...
- Você não é você?...
- Não. Sou o meu irmão gémeo.
Desconversão
Há vinte anos que a Piedade não põe os pés na igreja...
As mãos no fogo
Ninguém me convence que o Inocêncio é culpado...
Antes pelo contrário
Assim era o Clemente - impiedoso...
Incrédulo
Não consigo acreditar que a Perpétua morreu...
Impávido e sereno
Impávido & Sereno, Sucessores, Limitada, a distribuir cartão canelado desde 1911. Exactamente.
"O meu filho não gosta de andar"
Há uma senhora que mora na minha padaria. Digo que mora na minha padaria porque, seja qual for a hora a que eu lá vá - oito, onze, meio-dia, quatro ou seis da tarde -, ela está lá, na mesa do canto, ao lado do balcão, quem vai para os lavabos. É exactamente para esse endereço que as Finanças lhe mandam as contas dos impostos: Dona Fulana de Tal, Mesa do Canto Ao Lado Do Balcão Quem Vai Para Os Lavabos, 4450-275 Matosinhos.
As padarias hoje em dia são tudo: café, salão de chá, pastelaria, cervejaria, restaurante, casa de pasto, tasco, pensão, centro de convívio, sociedade recreativa, quiosque, tabacaria, meeting point, posto de turismo, guiché de informações variadas. E vendem de tudo, até pão, o que é curioso. São os tempos que correm: o meu talho também vende ovos, azeite, queijo, vinho, peixe congelado, feijão, ananás e pêssego enlatados. E a minha farmácia tem sempre a hortaliça mais fresca aqui da zona.
Sendo tudo, a minha padaria tem televisão e, portanto, milhões de opiniões. A campeona do palpite é a cliente residente, cuja, para mal dos meus pecados, padece de uma voz agreste e guinchada uma oitava acima como se fosse o Bruno de Carvalho mas ao contrário. Nunca a apanhei calada...
"Não. O meu filho não gosta de andar!...", anunciava um destes dias a senhora que mora na minha padaria. "Podes ter gosto", dizia eu cá para mim. "Um marmanjo com mais de trinta anos e que não gosta de andar. Está bem, Alfreda! Até eu ando, até eu me rendi à caminhada, e que bem que me faz...", continuei com os meus botões.
Mas ela insistia, parecia tola a mulher, cheia de orgulho no calaceiro: - O meu filho não gosta de andar. Não. Não gosta de andar...
"Ai que caralho!", ia eu pensar, quando a senhora que mora na minha padaria: - Não gosta de andar. Uma casa, nem que fosse pequenina, mas com tudo, ele preferia...
Vida difícil
Foi um choque quando soube que a Pureza se dedicava à prostituição...
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