Ausência
Recresce, arpoante e funda, a saudade cruel.
Com ela foi meu sol, partiu minha risada!
Cada dia que passa é uma gota de fel
que se me infiltra na alma e a põe envenenada.
Mais larga a ausência, mais a lembrança dourada
resplandece, espertando emoções em tropel:
o riso, o gesto, a voz; boca a boca soldada,
os seus beijos febris que eram de fogo e mel…
Claro perfil de luz, louro encanto irradiando
o revérbero astral de flavescente véu
que dourava o meu sonho e o verso decadente.
Onde estás? interrogo. E a mágoa cresce quando
sinto tudo em silêncio em torno... O próprio céu
misterioso e azul, como os olhos da ausente…
Euclides Bandeira
(Euclides Bandeira nasceu no dia 22 de Novembro de 1876. Morreu em 1947.)
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