Os dias conto, e cada hora e momento
Os dias conto, e cada hora e momento
que alongando-me vou dos meus amores.
Nas árvores, nas pedras, ervas, flores
parece que acho mágoa, e sentimento.
As aves que no ar voam, o sol e o vento,
montes, rios e gados e pastores,
as estradas e os campos mostram as dores
da minha saudade e apartamento.
E quanto me era lá doce e suave,
mais triste e duro amor cá mo apresenta
a que entreguei da minha vida a chave.
Em lágrimas força é que as faces lave,
ou que não sinta a dor que na tormenta
memória da bonança faz mais grave.Os dias conto, e cada hora e momento
que alongando-me vou dos meus amores.
Nas árvores, nas pedras, ervas, flores
parece que acho mágoa, e sentimento.
As aves que no ar voam, o sol e o vento,
montes, rios e gados e pastores,
as estradas e os campos mostram as dores
da minha saudade e apartamento.
E quanto me era lá doce e suave,
mais triste e duro amor cá mo apresenta
a que entreguei da minha vida a chave.
Em lágrimas força é que as faces lave,
ou que não sinta a dor que na tormenta
"Poemas Lusitanos", António Ferreira
(António Ferreira nasceu em 1528. Morreu no dia 29 de Novembro de 1569.)
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