Ingénuo amor
Depois da missa, às vezes, quando a gente
Desaparece ao fundo do caminho,
Ela demora-se a rezar baixinho,
Pregado o olhar no Cristo docemente.
E ninguém sabe deste amor ardente
Que nos sagramos doidos entre o linho,
Por uma tarde em que bebemos vinho
na romaria todos, francamente.
Uns dizem que ela está mudada, e tanto
Que tem no olhar doentio um tal quebranto
Bem diferente do dos olhos seus.
Outros - a gente boa do lugar:
"Está como as rosas brancas dum altar!"
A minha amante, tão temente a Deus!
"Obra Poética", João Verde
(João Verde nasceu no dia 2 de Novembro de 1866. Morreu em 1934.)
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