Meio-dia
Neste meio-dia de perfume e de calor,
quando a luz anda em férias sobre o mar,
o azul, o aroma e o múltiplo esplendor,
o agasalho da sombra e a carícia solar,
todo esse imenso deslumbramento
compõe para o nosso amor,
com a embriaguez do vinho e seu mágico torpor,
um quadro de devaneio e esquecimento...
Aqui sim, com o tempo parado,
a imobilidade do azul e o sossego do mar,
se teu de verdade fosse o bem amado,
não me cansaria de te amar...
Seria a fusão, no azul, do céu e mar,
e no pasmo do oceano e no torpor do dia,
música, abandono, calor, perfume e luz...
tudo o que eu sinto sem pensar
e mais em ritmo e dança e melodia
do que em palavras e formas se traduz...
O teu corpo alado, nos meus braços,
entre o céu e o mar arrebatado pelo voo do nosso amor,
se sentiria nesses cálidos espaços
tão leve como nuvem de vapor...
Assim te quero, amor,
profundo e móvel como o mar,
tranquilo e fresco como a flor,
pois no meu estranho coração
é alegria, dúvida e pesar
o teu amor...
sossego, paz, serenidade, inquietação...
"Ciclo de Helena", Francisco Campos
(Francisco Campos nasceu no dia 18 de Novembro de 1891. Morreu em 1968.)
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