A pororoca
A canoa veleja em rota escura
e corta águas revoltas, empopada,
enquanto ao leme vai, de mão segura,
o caboclo, adentrando a madrugada.
Súbito, joga, à fúria da nortada,
geme o velame, ganha o rio altura,
partem-se vagas, cede a quilha dura,
e a nau rebenta e afunda, destroçada!
O homem, vencido pela pororoca,
O amazônico instinto satisfeito,
para reinar, depois, a antiga calma.
E o episódio fantástico me evoca
o estraçalhar de amores no meu peito,
antes da paz que agora me vai nalma.
"Sonetos de Paulo Fender", Paulo Fender
(Paulo Fender nasceu no dia 14 de Abril de 1912. Morreu em 1981.)
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