No estreito labirinto,
as hienas do vento
e teu corpo caído.
Tento acordar e sinto
que me persegues, lento
como no sonho um grito.
Ladrão do amor paterno,
que à procura do ninho
incurável do eterno
escalaste sozinho
as mais altas escarpas
sem volta nem caminho,
viraste a estátua fria
indiferente às farpas
monótonas do dia,
circundaste o meu peito
dos espinhos de um horto
penitente e perfeito.
Sei que estás morto, morto,
máscara mortuária
das mutações de um rosto.
Sou eu que não consinto
que escape a solitária
sombra no labirinto.
Sou eu que enterro, a sós
com aquela sombra amarga,
o que sobrou de nós
como faca na ilharga.
"O mundo como Ideia", Bruno Tolentino
(Bruno Tolentino nasceu no dia 12 de Novembro de 1940. Morreu em 2007.)
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