Sou um archote inútil de Poesia.
Queimo-me, puro fogo, em fogo puro.
Orfeu no Inferno, sou o palinuro
Duma nau que aberrada estrela guia.
E, cruel sempre, esta veloz porfia
de acender versos no luar escuro.
Obsesso da Beleza, o mais abjuro,
fiel lhe sou, matando a Alegria.
Não paro. Por um ano, por vinte anos,
hei-de parir sonetos desumanos
em que me firo como em lanças más.
Nisto, até nisto, e a viver de horror,
sempre me hei-de entregar. Hóstia de Amor,
hei-de morrer poeta e rapaz.
"Poesia I", Tomaz de Figueiredo
(Tomaz de Figueiredo nasceu no dia 6 de Julho de 1902. Morreu em 1970.)
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