... E o veleiro partiu... para os longes, no Poente,
e o cais, poeirento e bom, ficou triste e vazio...
- A Saudade da luz e a Saudade da gente,
A invernia do olhar, e os nervos sem estio -
E eu me deixei ficar, contemplativamente,
olhos cheios de Sol, de outro flavo e sadio...
- Na fluida limpidez da tarde transparente
Setembro havia posto um colorido frio...
E o veleiro partiu, de velas soltas, no alto,
para a glória do Mar, na paisagem violeta
do Outono, entre calhaus e cimos de basalto...
E, com ele, foi, também, panda, num desvario
de asas brancas, para o ar, uma última goleta...
- E o cais, poeirento e bom, ficou triste e vazio...
"Os Sonetos Íntimos", em "Luz Gloriosa", Ronald de Carvalho
(Ronald de Carvalho nasceu no dia 16 de Maio de 1893. Morreu em 1935.)
Sem comentários:
Enviar um comentário