terça-feira, 7 de maio de 2019

O broche (propriamente dito)

Foto Hernâni Von Doellinger


Há quem diga que não há diferença nenhuma entre um broche e um colchete, que são uma e a mesma coisa. Dicionários razoavelmente informados, como, por exemplo, o Dicionário da Língua Portuguesa (7.ª edição) da Porto Editora, que é o que tenho aqui sempre à mão, consideram-nos, ao broche e ao colchete, sinónimos. Eu, com o devido respeito, discordo. Para mim, tirando o che que ambos ostentam, não há comparação possível entre um broche e um colchete. Um broche é um broche e um colchete até pode ser um parêntese recto. Um é uma coisa e o outro é, às vezes, um empecilho. Só quem não passou por eles é que se confundirá. Sei do que falo. Também sei de salas de costura, não cuidem, mas, vamos lá, admitindo a paridade, se vosselências forem gramáticos como eu e quiserem tirar a questão a limpo, se tiver de ser um ou outro, se pretenderem escrutinar a minha preferência, perguntem-me então sem tibiezas: broche ou colchete? E eu digo logo e sempre: broche. Broche, evidentemente. Nem imagino que se possa dizer: olha, faz-me um colchete!...

P.S. - Gramático era o que me chamava o Empregado do Arquivo quando, por azar, calhávamos no mesmo autocarro. O Empregado do Arquivo, assim autodenominado, meu camarada de Primeiro de Janeiro, morava, se não me engano, no Hospital Conde Ferreira, dava três voltas sobre si próprio antes de cruzar a porta do jornal, em Santa Catarina, e era filho do poeta Alberto Serpa, que lhe batia em público. Na próxima aula abordaremos as concomitâncias e respectivas adjacências da palavra pilão. Até lá.

2 comentários:

  1. Caro Hernâni, como eu gostaria de saber mais sobre esta figura que jamais esquecerei o funcionário do Arquivo do Janeiro. A graça que eu lhe achava quando o via parar em frente à porta do Jornal, ficar quedo alguns segundos e só entrar depois de girar três vezes sobre si próprio. Não consigo lembrar-me do nome dele e desconhecia que era filho do Alberto Serpa. Abç

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    1. Era realmente uma figura. Só o conhecia por Empregado do Arquivo, como ele exigia que lhe chamássemos, como mais matreirice do que loucura, e por Serpa, nome de família, que ele nem queria ouvir. Grande abraço.

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