Foto CÂMARA MUNICIPAL DE FAFE |
Fafe, a minha terra, tem uma tradição muito antiga por ocasião das suas feiras francas: a chega de bois. A chega de bois em Fafe é tão antiga que eu não me lembro dela quando lá morava. Lembro-me claramente da corrida de jericos e do Reigrilo, das cestinhas e dos carrinhos, do poço da morte, das parrecas, das farturas e dos rosquilhos, do pilas do Serafim Lamelas (que aqui um destes dias contarei), mas de chega de bois nada. A minha cabeça realmente já não dá para tudo. Peço desculpa.
A actual Câmara de Fafe, que esborda de cosmopolitismo e dá mais historiadores ao mundo do que o próprio mundo aguenta, tem-se fartado de inventar novas tradições fafenses.
Em Fafe, em honra à ancestralíssima tradição da chega de bois, a corrida aos empregos públicos, políticos ou administrativos, também é assim que funciona agora e serve de exemplo para o País: os candidatos comparecem no terreiro do Parque da Cidade, descornados mas com luvas, prontos a disputar mano a mano a vaga em questão. Marram por eliminatórias, atenção, e de acordo com as Regras do Marquês de Queensberry: assaltos de três minutos, antes que chegue a polícia, quartos-de-final, meias-finais e final e coisa e tal. O derradeiro, aquele que à conclusão estiver de pé, ou mais ou menos, é o primeiro, o vencedor. Entra ao serviço. Ou então entra o sobrinho do Dr. Fonseca, que não foi à luta porque sofre de asma, mas o tacho já lhe estava destinado.
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