Soneto
Acusam-me de mágoa e desalento, 
 como se toda a pena dos meus versos 
 não fosse carne vossa, homens dispersos, 
 e a minha dor a tua, pensamento. 
 Hei-de cantar-vos a beleza um dia, 
 quando a luz que não nego abrir o escuro 
 da noite que nos cerca como um muro, 
 e chegares a teus reinos, alegria. 
 Entretanto, deixai que me não cale: 
 até que o muro fenda, a treva estale, 
 seja a tristeza o vinho da vingança. 
 A minha voz de morte é a voz da luta: 
 se quem confia a própria dor perscruta, 
 maior glória tem em ter esperança.
"Mãe Pobre", Carlos de Oliveira 
(Carlos de Oliveira nasceu no dia 10 de Agosto de 1921. Morreu em 1981.)
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