Foto Hernâni Von Doellinger |
O camião do PS acaba de instalar-se ali em baixo, junto à praia, na marginal de Matosinhos. Enquanto o avantajado veículo se acomodava, chegou imediatamente Narciso Miranda no seu Mini, estacionando do outro lado da rua, mesmo em frente ao estendal socialista, e gozando o panorama. Achei um piadão à premeditada coincidência, e o Narciso também, que me deu troco ao sorriso quando me viu a tirar a máquina fotográfica da mochila. Ele sabe que eu sei que ele é um incorrigível provocador, um pândego, um benévolo emplastro que aqui nas redondezas aparece quase sempre onde o PS monta banca, e se meter António Costa então é que é ferrinho, agora não de palanque mas de varanda ou esplanada - como se tivesse sido convidado, mas já não é: Narciso Miranda foi expulso do partido no tempo de José Sócrates, o que, para anedota, também não está nada mal. Narciso Miranda é o homem a quem o PS tudo deve em Matosinhos, ele andou literalmente com o partido às costas aqui e pelo país inteiro, ele presidiu durante quase trinta anos à Câmara socialista, mas que era repetidamente socialista exclusivamente por causa dele. E fez obra. E ela está à vista, goste-se ou não. Agora o PS e Narciso estão desavindos. Fica a perder o PS.
Dentro do camião parece que estão os cinquenta anos de história do PS. Narciso Miranda faz parte, queiram ou não, tem um lugar de destaque e por direito próprio nessa história. Ou talvez não seja nada disto. Se calhar o partido tirou-o dos retratos e rasurou-lhe o nome sem sequer uma missa de sétimo dia, à boa maneira estalinista. Eu não ficaria admirado, mas não vou lá ver para tirar a limpo...
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