domingo, 6 de junho de 2021

Entre o "mediúcre" e o medíocre

Falava-se de cogumelos à porta do café. Os montes da zona são dados à fungaria, apanhada por quem quer e vendida por bom preço. Faz jeito o livre empreendedorismo: por falar em cogumelos, a rapaziada da terra fuma por ali umas coisas todas bem dispostas que também não devem ser nada baratas. Uma mão lava a outra, é a vida.
À porta do café, dizia, falava-se de cogumelos. Eram três entendidos. O dono de um daqueles extraordinários telemóveis que têm outro nome e são de esfregar como quem acende um fósforo sem cabeça, dá-me lume faxavor?, mais dois compenetrados e doutos colegas. No ecrã do coiso passavam-se decerto pequeninas imagens e pertinentes informações micológicas, eles de cabeças juntas e um explicava este é "mediúcre", mas tens a certeza que é "mediúcre" perguntava o outro, é "mediúcre" de certeza absoluta diz aí em baixo "mediúcre" então não se vê logo que é "mediúcre", sentenciava o que estava para não entrar pessoalmente na história, mas resolvi dar-lhe uma oportunidade.
O meu telemóvel é um telefone e foi por causa disso que o comprei. Portanto só quando cheguei a casa é que pude vir aqui procurar os cogumelos de raça "mediúcre". Ou da espécie "mediúcre". Ou marca "Mediúcre", com 25 por cento de desconto em cartão. Não encontrei. Mas fiquei a saber que, tecnicamente falando, haverá cogumelos mortais e cogumelos tóxicos, cogumelos aptos para consumo ou cogumelos não aptos para consumo, cogumelos excelentes ou cogumelos... medíocres. Medíocres! Então era isso. Medíocre.

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