domingo, 20 de junho de 2021

Max Martins 4

Um rosto soletrado

Traço
do meu gozo aos gozos de Anaiz - Joana
Arcanjo
de Laarcen
os lábios desta jaula:

Teu nome de amargura me instrumenta
funda o que me escreve e nego transferindo-me
dos jardins de mim ao resto de tuas frases

Aprendiz das folhas, úmido, o musgo mostra
olha
o texto amado, o rosto soletrado
o frio silêncio tátil duvidando-nos

E quem sou eu para guardar os ecos
o cheiro agudo e bárbaro de tua vulva
o formigueiro?

Oh égua aveludada - juventude
arranca de meu beijo este saber, sabor de cinzas!
O silêncio invulnerável de dois insetos copulando
(e que inversamente é crespo neste leito)
colhe
da maciez de um seio, o gume, a jóia de uma fresta,
a flama
e a sombra rente, rápida do olhar: frutos sobre a mesa
fartos
e opulentos de silêncio
apodrecendo
 
"Caminho de Marahu", Max Martins

(Max Martins nasceu no dia 20 de Junho de 1926. Morreu em 2009.)

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