II Soneto para Cesário
Se te encontrasse, agora, na paisagem
Nocturna dos fantasmas da cidade
Contava-te dos nossos pobres versos
No teu rasto de sombra e claridade.
Contava-te do frio que há em medir
A distância entre as mãos e as estrelas
Com lágrimas de pedra nos sapatos
E um cansaço impossível de escondê-las.
Contava-te - sei lá - desta rotina
De embalarmos a morte nas paredes
De tecermos o destino nas valetas.
De uma história de luas e de esquinas
Com retratos e flores da madrugada
A boiarem na água das sarjetas.
Dinis Machado, no blogue Aspirina B, de José do Carmo Francisco
(Dinis Machado nasceu no dia 21 de Março de 1930. Morreu em 2008.)
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