Fafe. No monte de São Jorge havia o
Pionono, assim com maiúscula, é justo que se diga. Pionono era nome
próprio, sítio, geografia. "Vou ao Pionono". Ia-se ao Pionono. E o
Pionono era naquele tempo muito mais do que um acomodado cabeço, crescia
sem fim à vista, misterioso, palpitante, labiríntico, agigantava-se
floresta, cenário de filme, de livrinho de aventuras, de fantasia e
crime. Ao Pionono ia-se aos pinheiros pelo Natal, ia-se esgaçar umas
pernadas de carvalho para o trono da cascata do Santo António, ia-se aos
fentos ou ao mato para o eido ou às giestas secas para espertar a
lareira do chão da cozinha, ia-se brincar aos cobóis, ia-se cagar ao
monte e ia-se dar umas trancadas, e o que eu gostava da palavra
trancadas, mesmo sem conseguir então alcançar, coitadinho, o que ela
quereria dizer.O Pionono
hoje é casas e está bem. Uma rua a descer para quem vem e, a mesma, a
subir para quem vai. À merda. Monte é que... viste-lo?E faz falta. Adaptando o meu Nobel Lobo Antunes, nem é homem nem é nada quem nunca deu uma boa trancada no monte. Eu já.
P.S. - Hoje, 21 de Março, é Dia Mundial da Árvore e Dia Internacional da Floresta. É também, entre outros, Dia Nacional para a Eliminação da Discriminação Racial, Dia Internacional da Astrologia, Dia Universal do Teatro, Dia Mundial da Poesia e Dia Mundial da Marioneta. Realmente um dia sumamente positivo, como diria o Tomás.
Sem comentários:
Enviar um comentário