Velho negro
Vendido
e transportado nas galeras
vergastado pelos homens
linchado nas grandes cidades
esbulhado até ao último tostão
humilhado até ao pó
sempre sempre vencido
É forçado a obedecer
a Deus e aos homens
perdeu-se
Perdeu a pátria
e a noção de ser
Reduzido a farrapo
macaquearam seus gestos e a sua alma
diferente
Velho farrapo
negro
perdido no tempo
e dividido no espaço!
Ao passar de tanga
com o espírito bem escondido
no silêncio das frases côncavas
murmuram eles:
pobre negro!
E os poetas dizem que são seus irmãos.
"Sagrada Esperança", Agostinho Neto
(Agostinho Neto nasceu no dia 17 de Setembro de 1922. Morreu em 1979.)
Sem comentários:
Enviar um comentário