terça-feira, 7 de julho de 2020

Laurindo Rabelo 6

A menina do banqueiro

O diabo da menina
Comigo se enrabichou
De tal modo que por mim
Um banqueiro abandonou.

Dava-lhe o rico banqueiro
Seiscentos mil réis mensais,
Eu por dia dou-lhe cinco,
A menina pede mais.

Pede mais, mas não me deixa
Gosta mais do meu dinheiro,
Acha mais gosta nas minhas
Que nas notas do banqueiro.

Trata as minhas com apreço,
Trata as dele com desdém,
Eu não sei, ela é quem sabe
As minhas que gosto têm.

O banqueiro é um labrego
Grosseiro por natureza,
Talvez que as notas nem saiba
Dar-lhe com delicadeza.

Ele dá notas mensais,
Eu dou as minhas por dia,
Com toda a delicadeza,
Com toda a diplomacia.

Às vezes eu dou-lhe as notas
Com jeitos e modos tais,
Que em suspiros dá-me em troca
Ternas notas musicais.

Feito o troco, diz, tremendo
A bolsa do meu dinheiro,
Quem é que troca esta bolsa
Pelo banco dum banqueiro.

Laurindo Rabelo

(Laurindo Rabelo nasceu no dia 8 de Julho de 1826. Morreu em 1864.)

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