O auto-suficiente
Beijo-me e desejo-me - dizia.
Como se...
Era efectivamente um poeta. Dizia-lhes, de voz pisca e olhos tremelicantes: - Beijo-te como se te beijasse...
Num beijo
Num beijo nada! - queixava-se. E realmente.
Vais ver quando eu chegar a casa
Era uma mãe à moda antiga, severa, de mão lesta, e foi chamada à escola
derivado ao filho. Ouviu o que não queria, enfunou, e ligou ao miúdo
logo ali, à frente de quem de direito, para que soubessem: "Vais ver
quando eu chegar a casa!", ameaçou cheia de nervos e até o telemóvel
cor-de-rosa com florzinhas estremeceu. O filho, que era cego, ficou todo
contente.
Vesti la giubba
Os cónegos sempre me fizeram rir: olhem-lhes para as vestimentas cerimoniais e digam-me se não nos vem logo o circo à cabeça...
O compasso
O compasso divide a música em intervalos de tempo iguais. Muitos estilos
musicais tradicionais já presumem um determinado compasso: a valsa, por
exemplo, usa o compasso três por quatro (ou ternário simples), enquanto
o rock se serve por norma do quatro por quatro (quaternário
simples), do doze por oito (quaternário composto) ou também do velho
três por quatro da valsa. O compasso faz arcos de circunferência mas não
de violino, é uma modesta constelação de estrelas praticamente apagadas
no hemisfério sul e, aqui que ninguém nos ouve, tem qualquer coisa de
maçónico. O compasso costumava sair à rua no Domingo de Páscoa.
Contraditório
- Mas há ou não há contraditório?
- Há, sim senhor.
- Bem. É que eu acho que...
- Calou!
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