Sou dos filmes de cobóis desde pequenino e particular consumidor dos spaghetti de Sergio Leone com molho de Ennio Morricone. Tenho-os na despensa, a colecção completa e indispensável. Gosto. Gosto e assobio. Vejo-os sempre que me apetece, e se dão na televisão (como dão de vez em quando na RTP 2, cada vez menos, ou agora regularmente nestes canais que nos saem do bolso, como por exemplo no Fox Movies ainda aqui atrasado), não mando ninguém ver por mim. Vejo. Vejo e assobio. Porém, ao fim destes anos todos e após milhões de sessões, devo confessar o seguinte: continuo sem perceber a morte dos bandidos. Há ali qualquer coisa que não bate certo. Quer-se dizer - os bandidos é como tordos, morrem uns atrás dos outros até chegar ao chefe, e assim é que está bem, mas já repararam à custa e ao fim de quantos balázios? Já contaram quantas balas são precisas para matar um bandido, um só, nem que seja um simples soldado raso, figurante praticamente? Mais de dezasseis e todas na muche, até que o estafermo do bandido, um só, aceite esticar de vez o pernil, deixando o filme avançar. É muita despesa e má propaganda à inquestionável pontaria, por exemplo, de um atirador da marca de Clint Eastwood. Em contrapartida, quando a coisa é resolvida à facada, o mau da fita morre logo à primeira. Tiro e queda, já viram?
Acho mal. E no entanto assobio. Como dizia o da piza, Ennio Morricone é que sabe...
P.S. - No dia 25 de Fevereiro de 1836, Samuel Colt obteve a patente dos Estados Unidos para o revólver Colt, o dos cobóis. Por outro lado, Ennio Morricone. Ennio Morricone está a despedir-se, aos 91 anos e depois de dar música a mais de 500 filmes e programas de televisão. Passou pela Altice Arena de Lisboa em Maio do ano passado. Não digo adeus Morricone, digo viva Morricone, porque Morricone não vai, Morricone fica. No ouvido. No meu cinema paraíso. E eu assobio...
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