Lições de História: a mola (e, já agora, o Mola)
Molas de roupa, há-as em madeira, em plástico e em aço. As molas de
aço são difíceis de vergar e muito dadas à preguiça, quase tanto como os
garfos. Crê-se que as molas foram inventadas nas redondezas de 1700, em
madeira, e que ganharam as suas formas actuais em 1853. O Dia da Mola
celebra-se a 6 de Maio e só lhe ligam, um bocadinho, no Reino Unido, que
são um povo que, apesar de nevoento, gosta de ter sempre alguma
coisinha com que se entreter, como por exemplo o Boris e o Brexit. E a
mola. Mola em inglês diz-se clothes peg ou clothespin se for na América. O
famoso jornal londrino The Telegraph considerou a mola de roupa a
centésima maior invenção da humanidade. Depois da mola já foram
inventados os computadores, a bomba atómica, o coração artificial, a
televisão, o telemóvel, os antibióticos, as naves espaciais, o
peido-engarrafado, Donald Trump, o exoesqueleto, o clipe, a fita-cola, a
cola-cientistas-ao-tecto, o post-it, o pós-modernismo, o velcro ou o
pionés, e no entanto - tomem nota! - os mais virtuosos músicos das
melhores, mais aclamadas e mais sofisticadas orquestras sinfónicas do
mundo continuam a usar a mola, a modesta, a simplória, a velha mas
competente mola de roupa para segurarem as sagradas partituras às
respectivas estantes. O que é extraordinário.
Mola, por
outro lado, também pode ser masculino. Nesse caso escreve-se com
maiúscula inicial, diz-se o Mola, e deve informar-se que morava, se não
me engano, quem vai para a Fábrica do Ferro, resvés com a descida final,
frequentava evidentemente o Peludo e, por morte deste, o Arcada, que
trabalhou muitos anos no Vitória de Guimarães e depois no Fafe, que era
elegantemente discreto, cordato, sábio, infalível aos amigos e
discípulos, noctívago, malandro, apreciador de bandas filarmónicas e ele
próprio exímio executante de assobio, económico nas palavras, e tinha
piada fina. Grande Mola! Uma figura mítica, irrepetível, um fafense
excelentíssimo.
P.S. - Sou um gajo cheio de sorte. Fui no sábado a Fafe e vi o Mola.
Calhámos eu e ele à hora de almoço no Fernando da Sede (Adega Popular) e
comoveu-me sabê-lo vivo. Não falámos, porque eu não ousei. Eu estava
com o meu filho e senti um prazer tremendo,
uma vaidade sem medida contando ao Kiko a grandeza daquele homem, a
importância que ele teve na vida do meu amigo Pimenta e a importância
que o Pimenta teve e tem na minha vida. Antes de sair e de dar o meu
segundo abraço ao Fernando, mandei ao Mola um sinal
de obrigado e ele deu-me em troca um sorriso tímido e límpido, talvez
ausente, secreto, quem dera que pelo menos lhe tenha passado pela
cabeça, ainda que por acaso, "acho que em tempos conheci aquele
miúdo..."
Conversing
- Estás com pressing?
- Não. Por acaso até tenho timing.
Pessoa colectiva
Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares. É daí que vem.
Lições de História: Fleming
Alexander Fleming - médico, farmacologista, biólogo e botânico britânico
- foi o inventor da penicilina e ganhou o Prémio Nobel. A questão ainda
não está devidamente estudada e as razões continuam incógnitas, mas a
verdade é que, a dado passo, possivelmente em 1952, Alexander mudou o
nome para Ian e desatou a escrever livros sobre o 007.
Entre uma coisa e outra, Fleming, então chamada Rhonda, Rhonda Fleming,
nome artístico de Marilyn Louis, foi actriz de filmes de aventuras e
cantora em Hollywood e seus arredores. Baptizada pela imprensa
especializada da época como a "rainha do Technicolor", era famosa mais
pela sua beleza do que pelos seus dotes artísticos. E fez 96 anos aqui à meia dúzia de dias.
Rio e o elefante
Olha, finalmente Rui Rio fala do que sabe: do elefante na sala que parte tudo. Pelo menos é o que dizem os ajuntadores de cacos do PSD.
P.S.
- O Rio dos Elefantes nasce na África do Sul e desagua no Limpopo, já
em Moçambique. Mede, segundo as últimas contas, 560 quilómetros, menos
um do que Portugal continental, o que há-de querer dizer qualquer coisa,
mas eu não sei o quê.
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