Lições de História: o Pardal
Antes de ser o guia espiritual dos novecentos homens mais poderosos
de Portugal, também chamados motoristas de matérias perigosas, Pardal
era professor, vivia na fantasia dos livros aos quadradinhos da Walt
Disney e falava brasileiro. O Professor Pardal era um garnizé em forma
de homem, um supergénio, o maior inventor do mundo. Tinha um chapéu
pensador e o Lampadinha, o seu melhor ajudante. O Professor Pardal era
bom e amigo das pessoas, embora às vezes as suas invenções dessem, sem
querer, para o torto. O Pardal de hoje em dia é doutor e também tem
forma de homem, não tem chapéu pensador, que se veja, mas usa Maserati,
que exibe, se tem ajudante não se sabe quem, mas tem agenda, inventa
razoavelmente e também é amigo das pessoas, das novecentas pessoas do
sindicato que adjudicou e de mais uma que costuma ver ao espelho.
P.S.
- Condutores de autocarros das viagens de finalistas a Espanha e das
claques de futebol em Portugal aderem à greve dos motoristas de matérias
perigosas e exigem do Governo o reconhecimento da categoria
profissional e salários mais dignos, pelo menos compatíveis com a
responsabilidade que lhes cai em cima e o risco de vida que correm
sobretudo aos fins-de-semana e antes que cheguem as eleições.
Última
hora: Os motoristas dos autocarros da Resende, em Matosinhos, e os
condutores de tractores agrícolas e os manobradores de empilhadores, em
todo o país, ponderam entrar na luta.
tractores agrícolas e os manobradores de empilhadores, em
todo o país, ponderam entrar na luta.
O primeiro pódio
Era a primeira vez que subia ao pódio. Chegou-se ao microfone e disse,
pigarreando, "Chape, chape, um, dois; um, dois, três; um, dois, três,
quatro, experiência". Que pena a sala estar vazia...
Contos americanos
- Era um exímio executante...
- Tocava o quê?
- Cadeira eléctrica.
Entre a bonomia e a filhadaputice
Uma vez eu era chefe e um chefe mais chefe do que eu telefonou-me, de
Lisboa evidentemente, a reclamar que era preciso "foder" uma certa e
determinada pessoa de quem eu era chefe, mas menos, no Porto. Eu disse
que não. Que não "fodia". E expliquei-lhe. Primeiro porque não se
"fodem" pessoas, ainda que fossem incertas e indeterminadas; segundo
porque eu não "fodo" ninguém, por uma questão de princípio e suspeito
que também de religião; terceiro porque eu resolveria facilmente o assunto sem
"foder" um camarada, isso é que é liderança e competência; quarto porque
eu não admitiria nem mais uma sugestão, insinuação sequer, daquele
género.
O chefe que era mais chefe do que eu e estava em Lisboa, comunista de
sucesso e despedidor laureado, acusou-me de bonomia, enquanto baixava a
crista e metia o rabo entre as pernas, tanto quanto me deu para ver pelo
teclado nojento do velho telefone. Bonomia? Fiquei "fodido". Fui ao
dicionário e achei muito bem.
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