E há eleições. No Governo de António Costa todos são primos e primas, depois que não se queixem do que lhes cair nos braços. Estava a brincar. Agora a sério (à séria, se lido em Lisboa): no Governo de António Costa é como na vida: uns são pais e outros são filhos, uns homens e outras mulheres, uns maridos e outras esposas, uns tios e outros sobrinhos, uns sobrinhos e outros tios, uns padrinhos e outros afilhados, mas no Governo de António Costa são-no uns dos outros. São compadres e comadres. Parentes. Diz que nestas extraordinárias condições rondarão já os quarenta, como os do Ali Babá. A mesa do conselho de ministros tem sempre um pinheiro com luzinhas, é a perene mesa da consoada: a reunião da família, de la famiglia, como muito dizem os italianos, que sabem italiano desde pequeninos e também estão muitos bem servidos a este propósito.
Para além disso. Para além disso há o eurodeputado socialista Manuel dos Santos, crónico aboletado da política e mete-nojo do PS, segundo o próprio primeiro-ministro. Dos Santos chamou cigana à presidente da Câmara de Matosinhos, a igualmente socialista Luísa Salgueiro, e, recentemente, dedicando-se a coisas sérias, chamou "complexado e aldrabão compulsivo" e "desprezível" a Sérgio Conceição, treinador da equipa principal de futebol do FC Porto.
Para além disso. Para além disso há o embaixador aposentado Seixas da Costa, antigo secretário de Estado em dois governos do socialista António Guterres. Francisco Seixas da Costa, oficial da Ordem do Infante D. Henrique, cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, grande-oficial da Ordem de Mérito, grã-cruz da Ordem Militar de Cristo e com mais certas e determinadas condecorações do Reino Unido, Espanha, França, Bélgica, Polónia, Grécia, Roménia, Noruega e Brasil, Francisco Seixas da Costa, dizia eu, escrevendo sobre o que realmente interessa ao País e ao mundo, chamou "javardo" a Sérgio Conceição, treinador da equipa principal de futebol do FC Porto. Mas "javardo" somente. Não "complexado e aldrabão compulsivo" e "desprezível", como o outro. Afinal estamos em presença de um diplomata, um diplomata manifestamente medalhado, é preciso que se note.
Eu não sei o que é que o Partido Socialista e as suas adjacências têm contra Sérgio Conceição, treinador da equipa principal de futebol do FC Porto. Mas conviria que Assunção Crista mandasse o CDS chamar o primeiro-ministro e secretário-geral do PS para que vá com carácter de urgência ao Parlamento esclarecer o problemático assunto em sede de comissão.
Por falar em sede: ao PS, às sóbrias cúpulas do PS se as houver, com o devido respeito, ouso sugerir que recomende, que recomendem, aos seus familiares, aos seus profissionais, às suas claques, aos seus associados, simpatizantes ou apenas conhecidos que se limitem a falar ou a escrever publicamente em jejum, e nunca por nunca depois da merenda ou, pior, à noite, madrugada dentro. Eu sei que o poder dá nisto, está tudo bêbado: mas há eleições.
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