Caso de polícia
Florbela Espanca
Pessoa
Dezassete magníficos e um infiltrado
Já restavam poucos, cada vez menos, mas juntavam-se ano após ano, vindos
do país inteiro: o Aguiar da Beira, o Ferreira do Alentejo, o Vieira do
Minho, o Miranda do Douro, o Castanheira do Ribatejo, o Costa da
Caparica, o Nogueira da Maia, o Oliveira de Azeméis, o Vale de Cambra, o
Canas de Senhorim, o Leça da Palmeira, o Figueira de Castelo Rodrigo, o
Freixo de Numão, o Sobral de Monte Agraço, o Lajes do Pico, o Santiago
do Cacém, o Vila Nova de Cerveira e o Antunes de Pevidém, que nem sequer
foi à tropa e ninguém sabe como é que começou a aparecer...
Algo de transparente
Havia algo de transparente no que ele dizia. Ele dizia: - Edifício...
Algo de penetrante
Havia algo de penetrante no que ele dizia. Ele dizia: - Passa-me a faca...
Algo de revolucionário
Havia algo de revolucionário no que ele dizia. Ele dizia: - À sombra duma azinheira...
Borrando a escrita
Pintou a manta. E limpou as mãos à parede.
Bicolar
Partiu a louça. E juntou os cacos.
Ela viu um sapo
Uma vez ela viu um sapo e levou-o para casa. Beijou-o, beijou-o,
beijou-o, mas o sapo continuou sapo. Deitou-o fora e comprou um grilo.
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