Copa de 50
Eu voltava na tarde de 16 de julho de 1950 (quem esquecerá essa data?) em companhia de alunos e professores da Escola de Arte Dramática, de Salvador, onde fizéramos uma temporada teatral. Na descida do avião em Belo Horizonte soubemos das boas novas. Começara o segundo tempo, e o Brasil, a quem bastava o empate para se tornar campeão do mundo, ganhava do Uruguai por 1 a 0.
De volta ao avião, por entre brincadeiras já comemorativas, surgiu um funesto comissário de bordo avisando com a voz e o tom dos mensageiros da desgraça das tragédias gregas: perdíamos por 2 a 1 e só faltavam quinze minutos para o término da partida. Na chegada a São Paulo tudo se consumara. Atravessámos em silêncio uma cidade também estranhamente silenciosa, sem gente nas ruas, como
se tivesse ocorrido uma dessas catástrofes cósmicas tão caras à ficção científica.
"Seres, Coisas, Lugares - Do Teatro ao Futebol", Décio de Almeida Prado
(Décio de Almeida Prado nasceu no dia 14 de Agosto de 1917. Morreu em 2000.)
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