domingo, 3 de julho de 2016

Emílio de Meneses 2

A chegada

Noite de chuva tétrica e pressaga.
Da natureza ao íntimo recesso
Gritos de augúrio vão, praga por praga,
Cortando a treva e o matagal espesso.


Montes e vales, que a torrente alaga,
Venço e à alimária o incerto passo apresso.
Da última estrela à réstia ínfima e vaga
Ínvios caminhos, trêmulo, atravesso.


Tudo me envolve em tenebroso cerco
- D' alma a vida me foge, sonho a sonho,
E a esperança de vê-la quase perco.


Mas numa volta, súbito, da estrada
Surge, em auréola, o seu perfil risonho,
Ao clarão da varanda iluminada!


"Poesias", Emílio de Meneses

(Emílio de Meneses nasceu no dia 4 de Julho de 1866. Morreu em 1918.)

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