Fico-me pelo título do Expresso. "Sócrates escutado a pedir dinheiro a amigo". Fico-me pelo título, porque o resto já não interessa. O resto, sendo geralmente outra coisa, mais gasosa do que sólida, já nada acrescenta ou retira ao efeito demolidor do título. Técnicas. No caso do Expresso, a técnica do peido fino. Estes tipos dos jornais de hoje em dia, engravatados e de fatos às riscas (verticais), não sabem mas aprenderam tudo com o falecido 24horas, que curiosamente os enojava, e querem ser todos como o Correio da Manhã, que é o que é e mete-lhes raiva por causa das vendas.
Confesso a minha triste venalidade. Não sou como o alegado primeiro-ministro de Portugal, que nunca na vida fez ou pediu favores a ninguém. Na minha terra não se diria melhor para definir um pequeno filho da puta: nunca pediu ajuda nem nunca ajudou ninguém. Eu, ao contrário do alegado primeiro-ministro de Portugal, peço favores, que remédio, e creio que também já fiz alguns. Também já pedi dinheiro a amigos. Aliás, farto-me de pedir dinheiro à minha mulher, e a minha mulher é minha amiga. A sorte que tenho é que não sou escutado (por acaso até sou, somos todos; quase todos), e decerto por isso é que ainda não estou no xelindró nem na manchete do Expresso. Eu e o alegado e imaculado primeiro-ministro de Portugal temos tecnoformas de vida completamente diferentes. Provavelmente antagónicas.
Eu sempre acreditei que os amigos são para as ocasiões. E que quem tem amigos não morre na cadeia.
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