segunda-feira, 7 de abril de 2014

Basílio da Gama

A Uma Senhora Natural do Rio de Janeiro, Onde se Achava Então o Autor

Já, Marfisa cruel, que não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.

Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos.
Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.

"Obras Poéticas", Basílio da Gama

(Basílio da Gama nasceu no dia 8 de Abril de 1741. Morreu em 1795.)

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