Já, Marfisa cruel, que não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.
Com o tempo, que tudo desbarata,
Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converter-se em prata.
Pois se sabes que a tua formosura
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos.
Por que me negas hoje esta ventura?
Guarda para seu tempo os desenganos,
Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.
"Obras Poéticas", Basílio da Gama
(Basílio da Gama nasceu no dia 8 de Abril de 1741. Morreu em 1795.)
"Obras Poéticas", Basílio da Gama
(Basílio da Gama nasceu no dia 8 de Abril de 1741. Morreu em 1795.)
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