Voz do sangue
Eu sou fuso da mão que fia linho.
Eu sou corda da voz que diz oubisto.
Eu sou roupa de ver a Jasus Cristo.
Eu sou malga de sopas de bô binho.
Danço o vira que espana todo o Minho.
Amo a tia que talha do ar ao quisto.
Bufo ao resto de cântaro com misto
De ervas e sal ardendo em chão maninho.
Eu mesmo acendo rama de oliveira
Quando Jesus me ralha no trovão
Que sobre as minhas telhas tumultua.
Se eu for a sepultar na Cumieira,
Gostava que descessem o caixão
Até ficar mesmo ao nível da rua.
"Cruz de Chumbo e Outros Poemas", Augusto Fera
(Augusto Ferreira, que usava o pseudónimo literário de Augusto Fera, nasceu no dia 29 de Dezembro de 1939. Morreu em 2012.)
Que bom encontrar aqui o ceguinho que trabalhava na Fábrica do Ferro, Nane! Já li alguns poemas dele...
ResponderEliminarBeijinho e Bom Ano Novo!
Beijinho. Tudo de bom.
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