segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um cão que percebe alemão

Estou varado. Um cão que percebe alemão! Palavra de honra, vi no Parque da Cidade um cão que percebe alemão. Coisa absolutamente extraordinária. O normal, o que é segundo a natureza, é que os cães percebam português, como toda a gente sabe e Deus quer. Bobi, senta! Tejo, vai lá para fora! Ou, condescendamos, Aramis, anda já aqui à dona! E os bichinhos compreendem e acatam. Sentam, vão ou vêm. Foi sempre assim com todos os animais desde Adão e Eva e nem podia ser de outra forma após Noé. Foi assim no Presépio e foi assim na embaixada de D. Manuel ao Papa. Agora, em alemão é que eu não fazia ideia. Parece impossível...
Eu vou contar: era um casal claramente germânico que iniciava a sua caminhada matinal pelo parque. À frente, livre da trela, saltitava um daqueles luluzinhos fraldiqueiros muito pouco germânicos e que se afastava dos donos cada vez mais, à procura da brincadeira com os melros. E afastou-se tanto que a senhora se sobressaltou, pôs-se de repente em sentido, puxou pelos galões, levantou e estendeu o braço direito (apontando ao animal, quero eu dizer) e disse qualquer coisa parecida com Mainazuçavelpencomanihaihaihaihacomanumume e que eu suponho que seja o nome de baptismo do bicho, uma vez que ele deu si, fez imediatamente meia volta e, de rabo entre as pernas, foi entregar-se aos braços abertos da dona. O palavrão também pode querer significar outra coisa qualquer, mas não sei dizer o quê, porque, neste como noutros departamentos, estou ainda abaixo de cão.
O que sei dizer é que fiquei para a minha vida. Um cão que percebe alemão? Depois do que vi, já estou por tudo, acredito em tudo. Se me chamarem para ir jogar no Saragoça, eu acredito-me e vou. Se me disserem que a crise começa a acabar já para o ano, eu fio-me e corro a fazer o empréstimo para o Ferrari. Se me garantirem que o Miguel Relvas, não desfazendo, é muito boa pessoa, eu... eu... ... Não sei, se calhar não acredito.

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