segunda-feira, 25 de agosto de 2025

No urinol, o telemóvel (não) pode esperar

É desagradável. Pousar os óculos e depois não saber onde. E precisar deles para os procurar. E pegar no telemóvel para lhes ligar, obrigando-os a darem sinal de si. E então lembrar-me de que nunca pus os óculos a carregar.

Eu nunca tinha visto. Um indivíduo, jovem, bem apessoado, tipo actor de telenovela, no urinol da impecável casa de banho do restaurante, mesmo ao meu lado, a mijar sem mãos. Ou, por outra, a mijar de mãos-livres, ocupadas com outros afazeres. Palavra de honra. Fiquei assarapantado. Porque o rapaz realmente não era maneta, pelo contrário. As mãos estavam entretidas com o telemóvel, a mandar mensagens, não sei se também fotografias, o moço deveras compenetrado na operação, e enquanto isso, lá em baixo, mijava-se satisfatoriamente, era pelo menos o que se ouvia, é o que suponho que acontecia, porque, a verdade é só uma, eu não fui lá espreitar...

(Versão revista e aumentada, publicada no meu blogue Mistérios de Fafe)

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