domingo, 24 de março de 2024

O Emplastro e os doutores

Foto Hernâni Von Doellinger

O cidadão Fernando Alves. O Animal, chamam-lhe, ou o Emplastro, que, segundo o Expresso em 2008, foi contratado pelas agências turísticas para acompanhar os passeios pelo menos bêbados de mais de 15 mil finalistas universitários portugueses a Espanha. Quinze mil doutores, em dinheiro de hoje em dia, e as viagens de finalistas estão outra vez aí a dar que falar. O extraordinário Emplastro que até foi ao Herman SIC e teve direito a dentes novos, dados por um desinteresseiro benemérito.
As eleições já lá vão, o campeonato de futebol parou derivado à Selecção, mas a televisão regra geral não pára e o fabrico de chouriços em directo também não, portanto o nosso Fernando continua a apresentar-se ao serviço. A televisão sem ele é uma seca, e com ele também, mas o Fernando tem pinta. Tudo continua normal, normalíssimo, e cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas, como dizia o nosso escritor de canções. O pior é mesmo o defeso futebolístico. No defeso, como o próprio nome indica, ninguém quer saber se o Fernando é filho do Pinto da Costa ou do Luís Filipe Vieira, ou pai do Frederico Varandas ou sócio do António Salvador, e então o que é que se passa? Isto: o Emplastro monta base à porta de um restaurante de Matosinhos, não sei se convidado ou somente tolerado pela gerência, e abrilhanta, à saída, copos de brutos, hic!, quero dizer, fotos de grupos, gente bem. Nos intervalos das suas pertinentes intervenções (faz cara de Emplastro, só lhe pedem isso), o Fernando deita-se na soleira da porta ao lado e então faz papel de famélico de Calcutá, o que lhe fica um bocado mal, estando ele gordo como um chino. E pede, se vê uma máquina fotográfica, "Uma moedinha, é para comer, é para comer..." - o número do costume. Não sei quem é que actualmente lhe está a cuidar da imagem e da carreira, o superagente Jorge Mendes não é de certeza, mas há ali qualquer coisa que não bate certo. Eu sei, já disse, é no defeso, mas isso não explica tudo.
O Fernando fez-se Emplastro a pulso, porque não é tolo nenhum - ao contrário do que muitas pessoas possam pensar -, mas também deu jeito a certas e determinadas televisões que ele fosse assim. E aos jornais. E às revistas. Pois se até o "entrevistavam" e lhe fizeram o "perfil"! Por outro lado, também já mete nojo, não é? Às tantas ainda o mandam para a Arábia Saudita.
Posso dar um palpite? Posso e é o seguinte: ninguém vai querer saber do Emplastro, quando o Fernando estiver deitado na soleira e for a sério (à séria, se lido em Lisboa). Nem os comensais arrotantes nem os estudantes terminais. Quem ousará sobressaltar-se quando o Animal for realmente abandonado?...

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