Ora bem. Foi na parte do mais não sei quê - e digo mais não sei quê porque realmente não faço ideia, o assunto interessou-me sobremaneira, eu estava ali concentradíssimo como o Futre, invejoso, confesso, mas não consegui perceber o que se passava até às últimas consequências -, portanto, foi na parte do mais não sei quê que a mulher menos jovem, com evidente cara de dona, largou os suspiros, ganhou fôlego, esganiçou ainda mais a voz e disse ao cão, imperativa: - Frederico! Não! Não! Não! Mamãe já falou! Isso não, Frederico!
Fiquei fodido! Não tanto por causa da indivídua chamar Frederico ao cão. Também chamo Frederico ao meu filho Kiko e isso nunca me incomodou, antes pelo contrário, até porque é o nome dele. O que me confundiu foi aquilo de ela ser mãe do cão. Estou velho para estas merdas. Fico baralhado com estas modernices sorrateiramente edipianas mas ao contrário. Não consigo acompanhar estes tempos malucos em que a nova ordem parece ser tratar os animais como pessoas, como filhos, e tratar as pessoas como animais. Como animais que não são tratados como pessoas. Como pessoas que não são de estimação. Não percebo. Estou definitivamente fora de prazo. E fiquei fodido!
P.S. - Hoje é Dia do Animal de Estimação. E também Dia Mundial da Justiça Social.
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