O
meu banco manda-me mensagens para o telemóvel, assediando-me com a
oferta de casas ao preço da uva mijona. São casas devolvidas por
portugueses à rasca como eu. As casas que eram de pessoas vão a leilão. E
eu sinto-me insultado com as SMS que me convidam a ser cúmplice no
aproveitamento da desgraça alheia. Logo à primeira fui imediatamente ao
balcão protestar o meu incómodo e exigir que a coisa acabasse ali. Que
"Sim, senhor, tem toda a razão, vamos já tratar do assunto", foi o que
diligentemente me responderam. E as mensagens continuam.
Também
comprei casa, no meu tempo. Fui chulado durante 25 anos e sei de que
lado estou. Não devo nada ao banco, não devo nada a ninguém. Decerto por
causa disto é que o banco cuida que eu agora sou um dos seus. Não sou.
Sou um dos outros.
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