segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Não estou aqui para enganar ninguém

Chicharros, como se diz nos Açores
Era um anúncio radiofónico a não sei quê. Mais ou menos isto: o filho com jeito para a piada chega a casa e diz ao pai que tem uma má e uma boa notícia para lhe dar - bateu com o carro e, como foi contra a porta do mercado, aproveitou para trazer os carapaus para o jantar. "Carapaus não", corrige o sapiente progenitor, "chicharros, como se diz nos Açores". Exactamente. Como se diz nos Açores. Sobretudo naquele belíssimo naco açoriano a norte do Douro e Minho acima, Galiza adentro.

Já agora: em Fafe chicharros diz-se chucharros, e até há uma família, gente boa, com esse nome. Em fafês de lei, os ches de chucharro devem ser lidos como os ches de cachicha.

Leve cinco e pague seis
Ele era comprador compulsivo e fanático por promoções. Um crente da publicidade. Um relâmpago que entrava, escolhia, pagava e saía das grandes, pequenas e remediadas superfícies num abrir e fechar de olhos das câmaras de vigilância, que realmente nunca o viram. Acreditava que 13,99 são treze e não catorze. E de lhe aparecesse à frente "Leve cinco e pague seis", letreiro jeitoso em vermelho e amarelo, ele aproveitava logo...

O anúncio mais estúpido do mundo é... da CUF
"Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas conheço muito bem a sua hérnia do hiato", dizia o figurante que fazia de médico ao figurante que fazia  de "Sr. Antunes de Lisboa que entrava na CUF de Viseu depois de uma almoçarada"...

O bem-estar não escolhe idades (anúncio)
Pilates para idosos e Herodos para crianças. Anás para Caifás e Caifás para Anás. Pagamento à vista. Trinta dinheiros.

Prato do dia
O reclame impresso sem erros em papel A4 e colado na portinha de vidro do minúsculo restaurante dizia em letras garrafais "Prato do Dia - 3,50 euros". E em letras pequeninas esclarecia "Só prato". Manobras publicitárias à parte, prato com comida era realmente uma bocadinho mais caro...

Dão-se alvíssaras
Perdeu a cabeça e pôs anúncio no jornal. Faz-lhe muita falta.

Fundo do desemprego
Viu um anúncio a pedir idiotas e lá foi ele. Estava no fundo do desemprego e respondia a todos os anúncios. 

Palavras para quê? É um artista português...
Esqueçamos, por momentos, Bruno Fernandes. E André Ventura. (Por falar nesse, a que horas é que dá hoje?) Puxemos à memória aquele célebre anúncio da televisão a preto e branco com um homem (africano do Império, por sinal) a abocanhar uma cadeira e a fazê-la andar à roda acima da cabeça. Aquilo é que eram dentes fortes, gengivas sãs, boca saudável. E tudo porquê? Porque o artista era um artista português e usava Pasta Medicinal Couto.
Eu, que sou dos tempos áureos do Restaurador Olex, também usei a Couto durante mais de um quarto de século, julgo que inicialmente "receitada" pelo Quinzinho da Farmácia, o "médico" dos pobres de Fafe, o melhor médico de família que Deus ao mundo botou, ainda os médicos de família não tinham sido inventados. Aquela coisa de ser "Medicinal" no nome do meio também me convencia, tenho de confessar. E só a larguei após sucessivas tentativas falhadas para fazer sequer mexer uma cadeira de plástico com os dentes e depois de ir ao dentista pela primeira vez na vida, aos 45 anos.
A Couto nasceu no Porto há cem e dois anos, quando não era natural um preto de cabeleira loira e um branco de carapinha. A fórmula da "Pasta Medicinal" foi registada a 13 de Junho de 1932 e prometia não só lavar os dentes, mas também protegê-los dos malefícios da sífilis e evitar as infecções das gengivas. Em 2001, por imposição das normas comunitárias relativas a este tipo de produtos, a marca foi obrigada a deixar cair a tão sedutora quanto conveniente designação de "Medicinal", passando a chamar-se simplesmente Pasta Dentífrica Couto. Até hoje.
Em 2012, o então principal accionista da empresa Couto, em Vila Nova de Gaia, anunciou que tinha dois pretendentes à compra da marca. Um da área da cosmética e outro do sector farmacêutico, ambos com intenções de "aumentar mais as vendas". O negócio deveria ser fechado até 2017. Não sei de foi. Mas também hoje em dia as cadeiras são muito mais leves...

Vademetro!
Disseram-lhe - Vá de metro, Satanás! E ele foi. Saiu na estação do Bolhão e apanhou o 401 para São Roque.  

Praieiro
Há bar e mar. A areia é para as senhoras.

Um grande nome
A organização tinha prometido um grande nome e cumpriu satisfatoriamente. Quando as luzes do palco se acenderam e foi anunciado, o artista chamava-se, com efeito, José Manuel-António Ferreira Rocha Vieira da Silva Pereira Gonçalves Ribeiro e Castro Melo Antunes Bastos Monteiro Neves Brochado Macedo Nogueira Santos Oliveira Costa Rodrigues Martins Carvalho Marques Almeida Cunha Pires Lopes de Perestrelo e Lencastre-Maldonado. 

P.S. - Hoje, 1 de Fevereiro, é Dia do Publicitário. Hoje e apenas hoje, porque amanhã é Dia Mundial das Zonas Húmidas.

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