A insondável diferença entre espetador e espetador
Qual é a diferença entre um espetador e um espetador? Numa tourada, por
exemplo, o que é que distingue os espetadores dos espetadores? Uns pagam
bilhete e os outros fazem os touros pagá-las, é isso, não é? E
espetadores de gelo: são adereços muito jeitosos para filmes de suspense
ou uma audiência que não reage, por melhor ou pior que a fita seja? O
que devo pensar quando leio um título de jornal que me diz que "Acidente
em rali francês provoca a morte a dois espetadores"? E, já agora, no voyeurismo, quem é o verdadeiro espetador: o que fica a ver ou o que copula?
Cê tá topando?!...
Era o princípio activo de um certo e
determinado medicamento. Quando perdeu o cê, derivado ao acordo
ortográfico, deixou de fazer efeito...
Uma língua que apodrece
"A minha pátria é a língua portuguesa", escreveu o nosso Fernando Pessoa. "A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo. Um povo só começa a perder a sua independência, a sua existência autônoma, quando começa a perder o amor do idioma natal. A morte de uma nação começa pelo apodrecimento da língua", escreveu Olavo Bilac, o brasileiro e sensato.
Bilac (1865-1918) e Pessoa (1888-1935). Não quero saber aqui quem é ovo ou quem é galinha, nem me interessa como assunto, de momento, o miserável, escusado e alegado acordo ortográfico. Lembrei-me foi dos professores doutores da mula ruça, traidores à pátria, que enchem a boca de "periúdos", de "interésses", de "rúbricas", de "perzeveranças", de "mediúcres". Enchem a boca e apodrecem a língua. Apodrecem a língua e matam a nação.
"A minha pátria é a língua portuguesa", escreveu o nosso Fernando Pessoa. "A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo. Um povo só começa a perder a sua independência, a sua existência autônoma, quando começa a perder o amor do idioma natal. A morte de uma nação começa pelo apodrecimento da língua", escreveu Olavo Bilac, o brasileiro e sensato.
Bilac (1865-1918) e Pessoa (1888-1935). Não quero saber aqui quem é ovo ou quem é galinha, nem me interessa como assunto, de momento, o miserável, escusado e alegado acordo ortográfico. Lembrei-me foi dos professores doutores da mula ruça, traidores à pátria, que enchem a boca de "periúdos", de "interésses", de "rúbricas", de "perzeveranças", de "mediúcres". Enchem a boca e apodrecem a língua. Apodrecem a língua e matam a nação.
António Costa, por exemplo. Já era tempinho de aprender a falar português, depois de, em 2015, ter aprendido a não falar mandarim. Não há lá pelos corredores e gabinetes de São Bento quem saiba ensinar ao nosso primeiro-ministro a basezinha das regras de concordância, alguém que o proíba de comer sílabas enquanto fala? Falar com a boca cheia é, para além do mais, falta de educação.
Tectos falsos com garantia
- Estes tectos são mesmo falsos?
- Como judas...
Desnecessidades da língua portuguesa
Já repararam na quantidade de palavras da língua portuguesa que usam escusadamente um eme final? O eme que se escreve mas não se lê. Podia passar aqui o dia inteiro a dar exemplos uns atrás dos outros - abrevio porém dando seis, como os dedos de uma mão mais um: rodage, vantage, viage, sabotage, calibrage, portage, arage, garage. E afinal são oito, os dedos de uma mão mais três da outra. Para que é que estas palavras precisam do eme no fim se o eme no fim não se diz? E logo a letra eme, a das três perninhas, tantas perninhas, menos duas apenas do que as cinco patas do cavalo.
O eme, faço notar, que ainda por cima é a letra minúscula mais obesa do nosso abecedário. Um escândalo! Uma evidente desnecessidade e um tremendo desperdício de espaço num país com somente noventa e dois mil quilómetros quadrados. Mas isto os da troika não viram, e aos do acordo ortográfico a avaria também lhes passou ao lado. Salta aos olhos que estes doutores da mula ruça não andam de metro e muito menos de camioneta. Não falam com pessoas, nunca foram a Fafe. Ou, se calhar, faltou-lhes corage para acabarem de vez com a coisam...
Já repararam na quantidade de palavras da língua portuguesa que usam escusadamente um eme final? O eme que se escreve mas não se lê. Podia passar aqui o dia inteiro a dar exemplos uns atrás dos outros - abrevio porém dando seis, como os dedos de uma mão mais um: rodage, vantage, viage, sabotage, calibrage, portage, arage, garage. E afinal são oito, os dedos de uma mão mais três da outra. Para que é que estas palavras precisam do eme no fim se o eme no fim não se diz? E logo a letra eme, a das três perninhas, tantas perninhas, menos duas apenas do que as cinco patas do cavalo.
O eme, faço notar, que ainda por cima é a letra minúscula mais obesa do nosso abecedário. Um escândalo! Uma evidente desnecessidade e um tremendo desperdício de espaço num país com somente noventa e dois mil quilómetros quadrados. Mas isto os da troika não viram, e aos do acordo ortográfico a avaria também lhes passou ao lado. Salta aos olhos que estes doutores da mula ruça não andam de metro e muito menos de camioneta. Não falam com pessoas, nunca foram a Fafe. Ou, se calhar, faltou-lhes corage para acabarem de vez com a coisam...
P.S. - Sim. Hoje, 21 de Fevereiro, é mesmo Dia Internacional da Língua Materna. Saravá!
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