As Musas
[...]
O ideal é um virgo; eu sou o garanhão sublime
Que o padreia. Emprenhar as musas será crime?
Ó! jamais ! Fecundar esses ventres divinos
É criar Assumpções, é produzir Latinos
Coelhos, é dizer à pasta da marinha:
-Toma lá, aqui tens o autor da Morgadinha -
Crica de musa tem sempre a bombardeá-la
Um caralho expluindo esporras de Bengala,
Uma langonha espessa, um grude arquibrutal,
Que entra vela de sebo e sai depois - Vidal.
Quando eu emprenhei, na primeira noitada,
Calíope, saiu uma rica charada
No almanaque imortal do Rodrigues Cordeiro.
Terpsícore fodi-a, ó meu caro Junqueiro,
Numa noite de inverno, e com o rabo alçado!
Que soberba mulher! Puta! dei-lhe um cruzado
E dez fodas. Das dez fornicações alvares,
Sabes tu quem nasceu, sabes? - Justino Soares.
[...]
"As Musas (Improviso feito no Martinho)", Guerra Junqueiro
(Guerra Junqueiro nasceu no dia 15 de Setembro de 1850. Morreu em 1923.)
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