Autarca de procissão
Apresentava-se como "autarca de procissão". "De profissão?", corrigiam,
respeitosamente. "De procissão!", insistia sua excelência, e estava
certo. Com efeito, não falhava uma...
O homem profundo
Era um homem profundo. Dizia regularmente: - Sou o que sou porque sou como sou.
O homem profundo 2
Era um homem profundo. Dizia com insistência: - O meu melhor presente é hoje. Agora.
O homem profundo 3
Era um homem profundo. Dizia amiúde: - Penso agora, logo existo.
Tenkiu verigude
É este Verão um bocado tolo, incerto, mas ainda assim assoberbado
numa terra dita de horizonte e mar e que acordou ontem e à ganância para
a mina do alojamento local. A inglesinha abeirou-se-me sorridente e de
mapa na mão, pedindo-me que
lhe dissesse onde estava. Indiquei-lhe: estávamos na Avenida de Serpa
Pinto, Matosinhos, que era o sítio que ela queria. Alargando o sorriso,
bonito, a inglesinha simpática fez "Hã... hã... hã...", à procura da
palavra certa, e, no seu melhor português, saiu-se finalmente, toda
satisfeita, "Grazie!"...
Vá lá, podia ter sido pior. Se me tivesse atirado "Muchas gracias!" eu ficaria realmente incomodado...
Bem prega frei Tomás
Tomás era o faz-tudo do convento. Agricultor, apicultor, sacristão, chef de cozinha, porteiro, parteiro, telefonista, copista, contorcionista, iluminador, vendedor de imóveis, disc jockey,
picheleiro, Pai Natal, guarda-redes, mas sobretudo era um carpinteiro de mão cheia. Fosse o soalho
do refeitório ou empreitada mais modesta, de martelo em riste, pregador como ele não havia.
Pergunta com rasteira
Gostava de fazer perguntas com rasteira. Era realmente um indivíduo traiçoeiro e particularmente violento.
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