Roque voltou-se. Acendeu um cigarro e o fósforo tremia na mão nervosa. Andou vagarosamente, vagarosamente, para o camarote. Mas o passo cresceu, um ritmo obcecante de marcha impôs-se, como se a orquestra que moía os ouvidos mandasse naqueles passos. E Roque viu-se de repente a subir uma escada. Um passo elástico e jovem, para fugir do medo. Os dentes cerrados, respiração forçada, para secar os olhos. E de repente, no patamar, um espelho. Roque olhou espantado. Olhou de novo. Os olhos nem acreditavam mas teve coragem para sorrir. Um sorriso franco e largo.
"O Homem do Chapéu", Cochat Osório
(Cochat Osório nasceu no dia 15 de Junho de 1917. Morreu em 2002.)
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