sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O que é preciso é Benfica

Parece que Joaquim Oliveira vendeu os jornais a Angola. E depois? Qual é o escândalo? O que é que Portugal perde com a passagem do Jornal de Notícias e do buraco do Diário de Notícias para as mãos de um grupo angolano? Perde independência? Isenção? Credibilidade? Transparência? Rigor? Qualidade? Profissionalismo? Competência? Seriedade? Memória? Deontologia? Dignidade? Referência? Jornalismo? Não se perde o que não há. Talvez se percam empregos. Mas estou em condições de assegurar que isso já aconteceu outras vezes, mesmo antes da chegada dos angolanos.

Uma vez, o estado-maior da Controlinveste descia no elevador do Edifício JN do Porto e eu também. Entrei a meio caminho para vir a casa comer a sopa. Era ir num pé e vir no outro. Disse boa tarde, mas ninguém me ligou. Aquela gente não ouve, não vê nem pensa para além do umbigo de cada qual. Iam todos entretidos na galhofa, preparando mais uma leva de despedimentos. A maior de todas. Eram os filhos do Joaquim, acolitados por um ou dois administradores anónimos limitados e pelo director de publicações, João Marcelino. E era exactamente Marcelino o animador de serviço, exibindo a capa do Diário de Notícias daquele dia. Dizia o também director do DN - "O que é preciso é isto: mete-se aqui este vermelhinho e está o assunto resolvido, é só vender".
João Marcelino referia-se à foto do Benfica que dominava a primeira página do DN. E (deixemo-nos de hipocrisias) não estava a dizer nenhuma asneira. Haja Benfica! O Diário de Notícias tem finalmente quem o compre.

3 comentários:

  1. Agora já é tarde, estou com soninho, mas se Deus quiser, amanhã eu volto aqui. Abraço
    G.J.

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  2. Hernâni
    Voltei como prometido, ainda que fragilizado com a notícia da morte do António Pina.
    Mas já que prometi falar sobre os Oliveirinhas, sobre os Joões Marcelinos, sobre os Paulos Baldaias e restante escumalha, que saltita de ramo em ramo, no pouco que ainda resta no Jornalismo português, vamos lá então. Entraste no elevador, ele vinha cheio de bosta, cumprimentaste e ninguém te respondeu, naturalmente, a bosta cheira mal, mas não fala. Pensaste também que, a alegria do João Marcelino poderia ser reflexo de mais uma razia de despedimentos... naturalmente. Sempre que essa bosta é contratada, é para isso mesmo. Pena é, que a bosta tenha acesso à Carteira Profissional de Jornalista. Lá na Moirama é natural que se venda o D.N. pintado de vermelho (perdão, de encarnado, por ordem de Oliveira Salazar, no tempo da outra senhora) mas aqui no Norte, essa cor só é admitida, se for para identificar o Partido Comunista Português, e, se for na Afurada, o mais certo é, serem alvejados com postas de peixe podre.
    Ao que parece, a viagem no elevador do J.N. (ai que medo...) aterrou em paz. Pode ser que em outra altura, o elevador se sinta mal com esse tipo de carregamento e lhes faça o mesmo que a mim... sim Hernâni, a mim que sempre estive na profissão como pessoa de bem, que nunca desejei o despedimento de ninguém, que lutei com todas as minhas forças, quando bosta como essa, me enviou para a pré-reforma. Pois foi Amigo, entrei na portaria e carreguei no 14º como de costume, ia sozinho, o elevador deu umas quantas sacudidelas, mas lá arrancou. Aí por volta do 10º ou 12º decidiu parar entre pisos e iniciou uma descida vertiginosa. Durante breves segundo pensei que era o fim. Resignado (o Ser Humano sabe e aceita, que há um fim para tudo), esperei que o elevador e eu, nos espatifássemos lá no fundo. Mas de repente aconteceu uma travagem a fundo que pôs termo à queda. É que eu desconhecia, que aqueles elevadores estavam equipados com uma espécie de "cunhas" colocadas nas laterais do fosso do elevador, e que se auto-acionam numa situação de perigo extremo como aquela. Com o impacto o saco das câmaras foi atirado contra tudo o que era sítio e eu pensei ter "subido ao inferno", subido digo bem, pois que fui projectado por uma ou duas vezes, não sei, contra o tecto falso do elevador, que por sua vez retaliou, despejando-me em cima uma grande parte do lixo acumulado ao longo dos anos. Foi assim, quase pintado de negro, que algum tempo mais tarde, fui retirado daquela caixa traiçoeira, perante um misto de pena e de gozo de quem me via naquele estado.
    Quanto à venda, pois que venham os angolanos, os cubanos, o que quer seja, não será porventura melhor, nem pior, que a merda que lá está.
    Gaspar de Jesus

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