Afonso
Henriques, esse gabiru de estilo motoqueiro que gostava de vestir saias
e há quem diga que batia na mãe, tinha uma espada que pesava toneladas e
não cabia no guarda-vestidos e nem sequer existiu. O espadalhão,
entendamo-nos. Já o jovem Afonso ficou na história da moda por ter sido o
criador da maxissaia. Morava geralmente no austero Castelo de Guimarães
e tinha um anexo charmoso chamado Paço dos Duques onde dava as suas
festas que eram sobremaneira constadas. No dia 24 de Junho de 1128,
tomai nota, depois de uma dessas iglantónicas farras, noitada de São
João ainda por cima, Afonsinho do Condado acordou digamos maldisposto,
bebeu um copo de água da mina com bicarbonato, mandou chamar o pessoal e
os cavalos e derrotou a progenitora, Dona Teresa de Leão, mailo seu
amante galego, Fernão Peres de Trava, na Batalha de São Mamede, levada a
efeito ali mesmo nos arredores, para evitar deslocações e despesas, que
o País ainda estava a começar.
Isto explica mais ou menos o que ouvi uma vez no Parque da Cidade do Porto. Foi
apenas um momento, o tempo de nos cruzarmos, mas deu para perceber que a
conversa ia animada. De mão dada com a mãe, o miúdo, de seis ou sete
anos se tanto, perguntou, cheio de certeza na resposta a vir: - Ó mãe, a
Espanha já deve ter sido de Portugal, porque D. Afonso Henriques ganhou a
Espanha, não ganhou?...Já não escutei o que lhe respondeu a mãe, mas deve-lhe ter dito que não, que não é bem assim. E no entanto...
P.S. - Publicado originalmente, versão reduzida, no dia 1 de Novembro de 2015. Afonso Henriques, também chamado Afonso I, Rei dos Portugueses e
O Conquistador, morreu em Coimbra no dia 6 de Dezembro de 1185.
Contaria 76 anos. Ou entre 73 e 79, ponderam os mais indecisos.
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