Matosinhos. No supermercado. O casal, a rondar os 65 anos, estuda a
prateleira dos vinhos. Ele, de cabelo preto obviamente pintado, escolhe
uma garrafa e lê e explica à mulher o contra-rótulo, com o ar mais
entendido do mundo. É aquela. Levam. Chegam à caixa e o homem assusta-se
quando percebe que a garrafa custa 2,99 euros. "Mais um euro do que o
preço antigo, não pode ser". Mas felizmente tinha percebido mal: são
"apenas" 2,10 euros, explica-lhe a funcionária, "só subiu 11 cêntimos".
"Dá-me para seis refeições", diz o homem para a fila que tinha atrás,
tentando justificar a fortuna que ali larga. Um cliente ainda mais velho
aproveita a deixa. Tem para aí 70 anos e diz:
- Se me permite um conselho, e já que bebe tão pouco, então nunca compre
garrafas de menos de três euros. Abaixo disso, é vinho feito a
martelo...
- Olhe, até calha bem: gosto muito de artesanato... - responde-lhe o do cabelo pintado.
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