A Selecção Nacional perdeu com a Bélgica e eu comi um Feast Chocolate.
Trinquei a língua outra vez ao jantar, e esta é uma desculpa como
outra qualquer para um não praticante comer um gelado. Eu, sou sincero,
prefiro o pequenino Magnum After Dinner, mas já não havia no frigorífico. O Magnum After Dinner não dá tanto nas vistas, é
menos doce, lembra-me o Clint Eastwood e, tal como o nome também indica,
é recomendado para a merda que eu iria ter na boca na manhã seguinte - a afta
propriamente dita.
Repararam: eu disse Selecção Nacional. Não disse Portugal. Portugal é
outra coisa. Coisa séria. Portugal é o buraco do BES, é o buraco em
que estamos todos metidos. Portugal é a pandemia, a incompetência, o desnorte, o desemprego, a pobreza, a fome, a imoralidade, a amoralidade,
o Sócrates, o Cabrita, o Rio, o Ventura, o Berardo, o Cavaco e a Angela Merkel. Portugal é
Saramago e Lobo Antunes, Camilo e os camelos. Portugal é Gentil Martins e
Corino de Andrade, José Castelo Branco e pouca vergonha. Portugal é comendadores, é
nojo e desesperança. É Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira e Vasco da
Gama. Portugal é Eça de Queirós. É orgulho e ilusão. Portugal é o que
fomos. Portugal é o que somos. Portugal é o futuro se houver.
Portugal são militares portugueses em missões de paz por esse mundo fora. Aí é
Portugal. Portugal são os nossos emigrantes, estejam eles onde estiverem. Aí é Portugal. Os rapazes muito bem pagos e em calções que jogaram e perderam com a Bélgica são a equipa principal da Federação Portuguesa de
Futebol ou, deixem-me ser bonzinho, a Selecção Nacional. Não por terem sido eliminados do Europeu, quero lá saber!, mas porque é o que são. Não são mais do que isso. E
não são Portugal.
Acerca do jogo com a Bélgica, digo-vos mais o seguinte: não fiquei cliente do
Feast Chocolate. Continuo a preferir o Magnum. Faz-me ganhar o dia.
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